Uma vida para recordar - Capítulo 2




- Olha quem apareceu! Você deve ser a Alice. – disse o suposto produtor depois de entrar na lanchonete.

- Sim, sou eu. Você deve ser o Scott, não é mesmo? – eu perguntei confusa.

Ele concordou com a cabeça e estendeu o braço, como se perguntando se podia se sentar, eu só concordei. Ele se sentou e logo fez seu pedido, continuando a falar em seguida.

- Então, eu acho que você já percebeu o motivo de estar aqui. Eu gostei muito dos seus vídeos, sua voz é incrível e o mercado está precisando de algo tão bom assim. Como você já deve saber, eu sou empresário de grandes estrelas no mundo da música e eu gostaria de te tornar uma delas, se você quisesse  - ele fez uma pausa, bebendo seu café, antes de prosseguir – eu sei que você não vai me dar a resposta agora, mas caso você estiver em dúvida, saiba que eu posso te colocar no topo, como eu fiz com, por exemplo,  Justin  Bieber. Quando você tomar sua decisão – ele me estendeu um cartão – me avise.

Aquilo era tentador, digo, é claro que eu não queria aquilo.  Eu gostava de gravar meus vídeos, gostava de cantar sozinha em casa sem ninguém para assistir, gostava da minha privacidade. E, ser como Justin Bieber? Com milhões de pessoas me julgando se eu falhasse? Com os fãs que me apoiam mesmo quando eu não mereço ser apoiada? Não, definitivamente não.

Peguei o cartão e deixei o dinheiro da conta em cima da mesa, saindo do café logo em seguida.  Eu andava pelas ruas e refletia. Eu já tinha lido várias fanfics em que a personagem principal era famosa e eu sabia que não era aquilo que eu queria pra vida. Pelo menos não no momento.

Mas, pensando por outro lado, seria muito satisfatório ter milhões de pessoas cantando as suas músicas em um show. Milhares de pessoas que se espelhavam em você, que se encaixavam perfeitamente nas suas músicas, como se aquilo fosse a única coisa que o fazia feliz – e, muitas vezes, era.

A única coisa que eu havia decidido depois disso, foi que eu deveria adotar um bichinho.


(...)


- Pronta? – um dos homens que estavam comigo perguntou.

- Mais do que nunca – e então ele me entregou um microfone. Arrumando a caixinha dele na minha roupa em seguida.

Olhei para baixo e prestei atenção no meu figurino. Eu estava com um cropped branco com listras pretas e um short de cintura alto também branco. Meu sapato preto era de salto plataforma, era fechado até o tornozelo e na frente ele tinha cadarços, como se fosse um tênis. Sem querer me gabar, eu estava linda, e também estava feliz.

As luzes em cima de mim se acenderam e a melodia desconhecida por mim começou a tocar, eu conseguia escutar os dançarinos se movimentarem em cima do palco, enquanto o pedaço do palco que estava em baixo de mim subia, me fazendo assim ter a visão de milhares de pessoas me olhando e gritando, como se estivessem esperando por esse momento à  muito tempo. Tudo isso acabou quando senti uma lambida na cara, provavelmente era meu novo filhote de cachorro que estava me chamando para a vida real.

E mais uma vez estava certa, o cachorro era um interesseiro. Ele me acordou só porque a comida dele tinha acabado. Mas,  pensando por um lado, se não fosse eu, quem mais colocaria comida para ele? Que pensamento idiota, cruzes!          
             
Fiz meu café da manhã e tomei um banho, sendo seguido por um lindo cachorrinho pedindo carinho. Peguei meu celular e pensei duas vezes antes de mandar a resposta para Scott. Onde diabos eu estava me metendo?

“Quando começamos? – Ali“

Isso realmente foi a coisa mais criativa que eu consegui inventar. Ele logo me respondeu: 

“Agora mesmo se você quiser. Justin está na minha casa e eu gostaria que ele te ajudasse em algo. Você está livre hoje? – Scoot“

“Claro, me passa o endereço que em meia hora eu chego aí – Ali“

Dito e feito, Scoot me passou o endereço e meia hora depois eu estava na frente de seu prédio. Depois de o porteiro autorizar minha subida e eu já ter batido na porta, Scoot a abre e ri fraco logo em seguida.

- Você realmente é pontual.  – eu ri concordando. – Venha, ele está na cozinha.

O apartamento dele era enorme – muito maior e mais organizado que o meu. Era lindo e quem quer que o tivesse decorado, tinha bom gosto. Eu o segui até a cozinha e tendo a visão de um Justin Bieber sem camisa cozinhando.

- Alice, como você já deve saber, esse é o Justin e Justin, essa é a Alice – Scoot nos apresentou.

- Oi, Alice – Justin disse.

- Oi, Justin – eu disse o cumprimentando de volta. – o que você está fazendo?

Ele achou graça na minha curiosidade.

- Lasanha, você gosta? – meus olhos brilharam – Acho que eu já sei a resposta – ele disse rindo novamente.

- Então, Alice, você poderia cantar pra gente enquanto a comida não fica pronta? – Scooter perguntou me mostrando um violão, que eu não tinha notado que estava ali até agora.

- Claro, o que vocês querem que eu cante?

- Você sabe alguma música do Justin? – concordei e me sentei na cadeira que ali tinha e comecei a cantar  Love Yourself.

Eu simplesmente amava essa música, aquela letra era simplesmente incrível. Quando acabei eles me elogiaram e depois fomos comer e até que Justin não cozinha mal. 

Depois de acabarmos de comer Scooter nos mandou dar uma volta para nos conhecermos melhor e nós fomos, o obedecendo.

Durante a tarde, descobri muitas coisas sobre Justin que ninguém nunca ficou sabendo e ele o mesmo mim. Quando eu falei que era brasileira, Justin disse que já suspeitava, por causa do meu sotaque. Foram tantos flashes que eu até perdi a conta, não sei como ele aguenta isso todo dia. Mas mesmo assim, foi legal. Ele era super  fofo e atencioso, não sei como conseguiam julgar tanto ele. Coitado, ele era só uma pessoa normal tentando ser feliz.

- Por que você aguenta tantas críticas? Digo... como você consegue superar e seguir em frente? – minha curiosidade deu as caras.

- Por causa das fãs. Elas são tudo pra mim e eu não me imagino sem elas, tudo o que eu quero é vê-las sorrindo, felizes e, se eu mostrar que me importo com as críticas e ficar triste, além delas também ficarem tristes, as pessoas vão me julgar mais pois eles sabem que aquilo me afeta. – eu sentia o amor que ele sentia pelas fãs.

- Mas você se importa com os outros dizem de você?

- Sim, até mais do que o necessário, e isso dói muito.

Eu coloquei a mão no ombro dele, fazendo ele para de andar e olhar pra mim.

- Saiba que você pode contar comigo. – eu disse e ele concordou.

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