Uma vida para recordar - Capítulo 1




Abri a grande janela e vi uma das melhores vistas. Uma cobertura em New York. Isso, com toda certeza, era um sonho para qualquer um. Para qualquer um menos para mim.

Meus pais me abandonaram quando eu tinha apenas três anos de idade e desde então, fui criada por uma tia que eu não fazia ideia de quem era e depois, quando eu tinha dezessete anos, ela morreu. Depois que isso aconteceu, não tenho contato com ninguém da minha família. E, sinceramente, nem sei se tem alguém do mesmo sangue que eu vivo. Quando eu tinha cinco anos, minha tia recebeu a triste notícia de que tinha um tumor cerebral, a primeira coisa que ela fez quando ficou sabendo foi assinar um papel falando que tudo o que era dela passaria para mim, como herança. Os anos seguintes foram os piores; tinha noites que ela acordava e não lembrava quem era, onde estava ou até mesmo tentava pular da janela pois, segundo ela, ela preferia morrer a não lembrar de nada. Um mês antes de sua morte ela foi internada em uma clínica, ela queria se matar tomando remédios e essa foi a única solução que eu achei. No dia de seu enterro, ninguém apareceu. era só eu e os médicos que cuidavam dela, nada mais; sem amigos, sem família.

Quando autorizarão eu a receber a herança, a primeira coisa que eu fiz foi me questionar de onde ela tinha tirado tanto dinheiro. Foi por isso que vim para NY, para descobrir o passado dela e, provavelmente, o meu também. Esse apartamento que estou, no caso, era dela. As coisas empacotadas no chão estavam me dando enjoo, o que me fez sair e andar sem rumo, provavelmente procurar um emprego.

Passei em um Starbucks e comprei um café e depois fui até a Times Square e sentei em uma arquibancada. Aquilo não parava um segundo, as pessoas não paravam de aparecer e, por mais que aquilo estivesse lotado, me trazia paz. E, naquele momento, aquele lugar era o único em que eu gostaria de estar.

Fui andando até o final da rua e depois voltei para meu apartamento, pedindo uma pizza logo em seguida já que já era noite. Acabei de arrumar minhas coisas antes do entregador chegar e quando ele chegou, eu devorei a pizza deliciosa que estava na minha frente. Depois peguei minha câmera e comecei a fotografar de todos os ângulos aquela vista maravilhosa da cidade que nunca dorme. As luzes pareciam estrelas e por um momento, eu me esqueci do motivo de eu estar ali. Por um momento, eu era apenas uma jovem de dezoito anos que veio para New York para procurar um emprego ou cursar uma faculdade.

(...)

Acordei as 6h30 com meu despertador tocando e cara, por que raios eu fui colocar o despertador as 6h30 da manhã?
Levantei e fui ao banheiro fazer minhas higienes matinais, coloquei uma roupa bem quente e fui tomar café fora, logo em seguida indo ao mercado e comprando tudo o que era necessário. Quando cheguei em casa arrumei todas as compras, quando acabei peguei meu violão e minha câmera, gravando um cover para postar no meu canal. Eu gostava de tocar violão e de cantar também, e eu postava os videos porque eu tinha uma voz bonita - o que sou muito grata. Fora violão, eu sei tocar piano, banjo e guitarra; eu tenho vontade de aprender a tocar bateria também, mas não é algo que eu necessite no momento e eu posso gastar o dinheiro que eu gastaria para comprar a bateria em algo mais útil.

Eu gravei a música A.M. do One Direction e quando acabei, editei e postei. Eu era directioner, já tinha ido em um show - quando eles foram ao Brasil - e eu nunca vou parar de amar eles. Fiz minha comida e comi. Fui dormir mais um pouco e depois fui conhecer mais um pouquinho da cidade.

Tirei muitas fotos e comprei muitas roupas desnecessárias também. Fui pra casa e procurei sobre minha tia na internet, não encontrando nada. Depois procurei algum emprego, também pela internet e descobri que uma loja de maquiagens perto de casa estava precisando de funcionários que entendessem do assunto e como eu amava maquiagem, decidi ir entregar meu currículo no dia seguinte.

Eu estava amando NY mas sinceramente, eu estava me sentindo muito sozinha. Não tinha ninguém com quem falar, nem mesmo um animal de estimação. Era uma completa solidão.

Meu computador piscou indicando que havia chego algo e eu fui ver, era meu email que eu usava no YouTube, abri e fiquei chocada com o que li. Pelo que eu entendi, era um empresário aqui de NY e ele queria saber se eu estava interessada em fechar contrato com uma gravadora. E, em minutos, a minha tristeza por estar sozinha foi embora.

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